domingo, 18 de setembro de 2022

Familiares tóxicos adoecem os membros da família

As vezes parentes e serpentes são sinônimos


Sabe aquele familiar que fica triste com suas conquistas e se alegra com as suas derrotas?

Ele pode estar mais próximo do que você imagina.

Aquele familiar que nunca te elogia mesmo quando sabe que você acerta mas está sempre cheio de energia para lhe incomodar caso você cometa um pequeno erro?

Este é o exemplo real da existência de familiares tóxicos.

Familiares tóxicos adoecem os membros da família

Hoje em dia as relações tóxicas são comuns, quase todo mundo tem ou já teve. Mas quando essa pessoa é nosso familiar ou parente, nem sempre percebemos a toxidade envolvida. 

Vale lembrar que a definição de comportamentos ou atitudes consideradas tóxicas que determinadas pessoas fazem são prejudiciais a outras pessoas e não a si mesmo.

Por mais que possa parecer visível, tendemos a tolerar atitudes tóxicas de familiares que, talvez, não toleraríamos de amigos ou pessoas mais próximas. E por quê? Porque historicamente somos ensinados a isso.

Homero Belloni, psicólogo, explica que as primeiras relações que nós temos na vida são as relações familiares e por isso a cultura tenta preservá-las de alguma forma, impondo uma série de restrições e tabus. "Ou seja, só é permitido sentir coisas positivas entre os familiares. Agressividade, por exemplo, a cultura não permite, no entanto, não quer dizer que eles não existam", diz. Esses sentimentos e emoções ficam em segundo plano e não podem aparecer, podem  ficar reprimidos. 

Segundo Eduardo Name Risk, psicólogo, doutor em psicologia e professor adjunto do Departamento de Psicologia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). "Essa concepção da família como instituição que promove conforto material, afetivo, segurança e zelo aos seus membros, repleta de distinções histórico-culturais, frutificou-se na passagem do século 17 para o 18, no contexto europeu, por meio da privatização da vida familiar conforme registrou o historiador francês Philippe Ariès na obra "História social da criança e da família".

O termo “família tóxica“ designa um grupo familiar que traz angústia e sofrimentos emocionais por causa do comportamento que alimentam. Acontece que muitas pessoas não sabem identificar de forma adequada esses indivíduos, pois, para isso, é necessário mergulhar na dor que eles causam. 

Por incrível que pareça, muitas pessoas acabam negando, inclusive a si mesmas, que vivem em uma família tóxica. Isso acontece para evitar interferência externa e também fugir da zona de conforto destrutiva que se instalou ali.

Portanto, é interessante propor-se a uma mudança de valores e de visão pois isso evita que dores ainda maiores tomem forma e impeçam que você viva de uma vez por todas.

Empatia

Se dê ao menos o trabalho de avaliar a situação e compreender o ponto de vista do outro. Somos responsáveis apenas por aquilo que fazemos e todos precisam entender isso. Por meio da empatia, você vai compreender a postura do outro, julgando melhor a situação e como você se encaixa nela.

A família tóxica se trata do declínio total da relação afetiva onde todos são prejudicados. Nesse contexto, o contato familiar se torna uma obrigação incômoda e ausente de qualquer prazer.

No momento em que ganham consciência do veneno que circula nos laços familiares, podem trabalhar juntos em um antídoto. Assim, entre muitas coisas, a consciência é um passo importante para que se resgate a autonomia e a individualidade.

Família também é “remédio” para doença mental

Engajamento da família é fundamental para um futuro de qualidade de pessoas vítimas de episódios psicóticos.

Estudo realizado pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP aponta que a recuperação e o tratamento de pessoas que passaram pelo primeiro episódio psicótico (PEP) podem ter melhores resultados quando o paciente conta com o apoio da família.

Segundo a autora da pesquisa, a enfermeira Luiza Elena Casaburi, assim como qualquer transtorno mental, o PEP tem tratamento, que auxilia no combate à cronificação possível da doença que está por vir, ou seja, para evitar que ela se instale e permaneça no indivíduo.

Nesse sentido, diz Luiza, a família é importante a ponto de ser responsável por tudo que possa acontecer com o adoecido, incluindo a probabilidade de ser reinserido na sociedade, o que é um dos pontos mais críticos.

A pesquisadora lembra que, durante muito tempo, o distanciamento entre doentes e familiares por meio da internação em clínicas especializadas era tido como a melhor solução. “Hoje, a nossa pesquisa, junto com outras da mesma temática, demonstra que os familiares são vistos como colaboradores na resolução de problemas.”

Quando os familiares são tóxicos aí o efeito é contrário: Eles acabam prejudicando e agravando mais a doença mental dos indivíduos.

Fontes:

USP

UOL