sexta-feira, 11 de julho de 2025

Tarifaço pode subir a oferta e baratear café e carnes, diz Fazenda



Secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, avalia que os produtos podem ser direcionados ao consumo interno com a diminuição de exportações.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse nesta 6ª feira (11.jul.2025) que, caso as tarifas de 50% dos Estados Unidos entrem em vigor, as exportações de alguns produtos, como café e carne, tendem a cair. Afirmou ainda que o redirecionamento ao consumo interno poderia ter efeito na inflação.

“O Brasil é um grande exportador de carne, café, suco de laranja e pescados para os Estados Unidos. O fato de estes produtos, caso mantidas as tarifas, terem maior dificuldade de serem exportados também pode significar uma maior oferta no mercado doméstico e ter efeito deflacionário”, disse Mello.

Um efeito negativo na inflação é a desvalorização do real em relação à moeda dos EUA. O dólar comercial atingiu R$ 5,591 nesta 6ª feira (11.jul.2025), com alta parcial de 3,08% na semana. Segundo o secretário, houve uma “pequena desvalorização” nos últimos dias, mas que não deve alterar as projeções da SPE, que estima inflação de 4,9% em 2025 e de 3,6% em 2026.

Mello disse que uma estimativa de impacto inflacionário, porém, ainda é precoce. “Nós temos que acompanhar os 2 vetores [câmbio e maior oferta de produtos no país]”, disse. “Claro que há uma incerteza e fricção no curto prazo, mas também há vetores deflacionários importantes que podem advir dessa inesperada e inexplicável tarifa de 50% que os EUA impuseram às exportações brasileiras”.

ATIVIDADE ECONÔMICA

A SPE declarou que o tarifaço deve impactar “pouco” o crescimento econômico de 2025. Afirmou que as exportações brasileiras correspondem a 18% do PIB (Produto Interno Bruto). Os EUA respondem por 12% desse total. “Haverá algum impacto, do ponto de vista macro do crescimento econômico, mas não é tão relevante quanto seria se esse mesmo evento ocorresse 20 anos atrás, quando nós éramos muito mais dependentes do mercado americano do que nós somos hoje”, disse o secretário.

Mello declarou que alguns Estados, principalmente São Paulo, tendem a sofrer um maior impacto do que outros. “Imagino que mobilize os setores produtivos e, espero eu, os governos desses estados a construir uma saída e não comemorar o ataque ao país”, disse. Segundo a secretaria, os produtos básicos respondem por maior parcela dos itens exportados aos Estados Unidos, com destaque para óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja e carne bovina.

A SPE afirmou haver também outros itens manufaturados, como aeronaves e máquinas para o setor de energia. Segundo o governo, os produtos básicos “tendem” a ser redirecionados com mais facilidade a outros países e regiões do que bens manufaturados.

Fonte: Hamilton Ferrari