O Partido dos Trabalhadores afina sua estratégia para 2026 em meio à disputa pela renovação de sua direção. No próximo domingo, dia 6 de julho de 2025, mais de um milhão de filiados vão às urnas escolher as novas direções municipais, estaduais e a nacional no Processo de Eleição Direta (PED 2025). O movimento interno é tratado por líderes como determinante para o futuro do maior partido de esquerda da América Latina — e para o projeto de reeleição do presidente Lula.
![]() |
| Lula em reunião com Edinho Silva |
A disputa pela presidência nacional do PT tem quatro nomes: Edinho Silva, Romênio Pereira, Rui Falcão e Valter Pomar. Cada um representa correntes e estratégias distintas, que vão da reafirmação do alinhamento irrestrito ao governo federal à defesa de maior autonomia crítica frente ao Planalto.
Nos bastidores, o PED tem sido visto como prévia informal das articulações de poder que o partido precisará enfrentar antes da sucessão presidencial.
O atual presidente do PT, senador Humberto Costa, não esconde o peso do processo:
“Estamos na antevéspera de uma eleição histórica. Lula cumpriu com todos os compromissos assumidos. Agora, o PT precisa estar pronto para sustentar esse projeto — nas urnas e nas ruas”, afirmou.
Bastidores no Paraná: quatro chapas na disputa
A única certeza é que, independente do vencedor, o PED definirá o tom do PT nas eleições de 2026.
Com quatro candidaturas fortes, o PED promete testar alianças e expor fraturas internas no PT Paraná.
Historicamente, o PED do PT Paraná sempre teve disputas acirradas, mas a divisão interna dentro da mesma corrente majoritária (CNB) é inédita nos últimos anos.
O atual presidente do PT no Paraná é o deputado estadual Arilson Chiorato que tem o apoio da ministra Gleisi Hoffmann e do diretor-geral da Itaipu, Enio Verri, para continuar na presidência do PT-PR. Ambos são da CNB.
Confira os perfis dos candidatos a presidência do PT no Paraná
Zeca Dirceu: É hora de devolver o PT aos filiados e filiadas
Zeca Dirceu, 44 anos, está em seu quarto mandato de deputado federal pelo PT e é líder da bancada do PT na Câmara. Foi prefeito de Cruzeiro do Oeste por dois mandatos (2004-2008). Em 2021 foi eleito pelo prêmio Congresso em Foco como o melhor deputado do estado e o maior defensor da educação
Hermes Leão: Mudar o PT para Mudar o Paraná
Ex-presidente da APP Sindicato, Hermes Leão é professor de Educação Física e Pedagogo. Ele presidiu a entidade no ‘29 de abril de 2015’ e liderou diversas mobilizações da educação no Paraná. É a favor do serviço público de qualidade e combate às terceirizações e privatizações.
Veneri: O PT precisa voltar a ser PT
Tadeu Veneri é deputado federal pelo PT do Paraná. Está no primeiro mandato na Câmara dos Deputados Já foi vereador em Curitiba e deputado estadual por quatro legislaturas. Foi candidato a prefeito de Curitiba pelo PT em 2016. Veneri ingressou no PT em 1987.
Arilson Chiorato: Por um PT de luta e coragem
Arilson Chiorato é o atual líder da Oposição na Assembleia Legislativa e presidente estadual do PT-PR. Em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa, o deputado Arilson coordenou a Frente Parlamentar sobre o Pedágio. É um crítico incisivo dos projetos de privatização de empresas públicas, como Copel, Sanepar, Compagás e Celepar.
As chapas inscritas refletem as disputas internas e as tensões entre unidade e renovação: Muda PT, O PT Mais Perto de Você, Por um PT Unido de Luta e Coragem e Mudar o PT para Mudar o Paraná.
A movimentação no estado tem atraído os principais candidatos à presidência nacional do PT. O deputado federal Rui Falcão e o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, estiveram no Paraná em maio, dialogando com a militância e lançando suas candidaturas. Falcão, histórico dirigente do partido, defendeu o fortalecimento das instâncias de base e o enfrentamento aberto ao bolsonarismo e à direita neoliberal. Edinho, apoiado pela tendência majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), destacou que a eleição interna é decisiva para garantir a vitória do presidente Lula em 2026 e projetou um PT moderno, conectado às bases e preparado para as disputas políticas no campo digital.
O estado soma mais de 114 mil filiados aptos ao voto.
Reorganização para resistir
O debate político interno do PT do Paraná evidenciou a sintonia entre as propostas de reorganização do PT no estado e no plano nacional. De um lado, Edinho Silva articula sua candidatura em torno da continuidade do projeto político liderado pelo presidente Lula, com atenção especial ao fortalecimento das bases sociais do partido. De outro, Zeca Dirceu propõe uma renovação na forma de condução política no Paraná, com foco na formação militante, na comunicação partidária e na ampliação da presença nos municípios.
“A política que dá certo não é um ato solitário”, disse Edinho, destacando a necessidade de atuação coletiva e de fortalecimento das alianças internas. A afirmação dialoga diretamente com a proposta de Zeca, que vê na unidade e na reorganização os caminhos para o PT recuperar protagonismo no Paraná. “Tudo o que eu puder ser útil, como presidente estadual, você pode ter certeza: vai ter um grande aliado”, afirmou Zeca, dirigindo-se a Edinho.
Edinho tem apoio do deputado federal Zeca Dirceu
Entenda o PED 2025
O PED 2025 será realizado no próximo domingo em 6 de julho, com votação presencial e secreta em todo o país. Cada filiado vota seis vezes: três para presidentes (municipal, estadual e nacional) e três para as chapas correspondentes. Nas cidades organizadas em zonais, como Curitiba, há votação adicional para as direções dessas regiões.
O processo prevê paridade de gênero nas direções e cotas para jovens, negros e indígenas, com exceções regionais previstas no estatuto.
A lista completa de chapas e candidaturas pode ser consultada em pt.org.br/ped-2025.
Projeção e impacto
O resultado do PED terá efeito imediato nas articulações para 2026. Uma direção alinhada ao Planalto tende a garantir coesão na campanha pela reeleição de Lula. Já uma direção mais crítica pode tensionar o debate interno e cobrar mudanças na condução política e institucional do partido.
No Paraná, onde o PT tenta se reorganizar de olho na construção de um forte palanque nacional, o PED será termômetro da capacidade do partido de ampliar sua base e preparar quadros para a disputa estadual e federal.
A depender do resultado, o PT poderá sair do PED 2025 mais unificado e fortalecido — ou fragmentado e vulnerável, em meio a um cenário nacional marcado por polarização, crise fiscal gerada por oligarcas do sistemas financeiro e midiático, bem como com o avanço da extrema direita.
![]() Foto: Divulgação / PT |
Ex-prefeito Edinho Silva, de Araraquara, é o favorito para presidir o PT nacional. |
Em entrevista ao site O Globo, Edinho comentou sobre o mau desempenho do governo nas pesquisas de opinião:
"Há uma polarização na sociedade que cristaliza a opinião pública. Isso impede que se reconheça tudo o que o governo tem feito. Também há um sentimento antissistema muito forte na sociedade, que vem da crise da democracia representativa. As pessoas votam e acham que a vida delas não muda. Não é um fenômeno brasileiro, é mundial."
‘Reeleger Lula em 2026 é a prioridade’, diz Edinho Silva
Candidato à presidência nacional do PT, Edinho Silva, ex-ministro e ex-prefeito da paulista Araraquara, afirma que o objetivo principal do partido e dos democratas progressistas precisa ser a reeleição do presidente Lula no próximo ano. “Se o Brasil, com sua dimensão, derrotar mais uma vez o fascismo”, dará uma contribuição essencial ao mundo contra a ascensão da extrema-direita."
“O cidadão precisa viver a democracia na prática, se não ela vira um conceito abstrato”. O candidato do campo majoritário diz ainda que o partido precisa se fortalecer e se reconectar com as bases para enfrentar os desafios do pós-Lula. “No próximo ano, será a última eleição que o presidente disputará. Ele mesmo afirma que seu substituto não será um nome específico, mas o PT forte”.
Apesar das críticas ao desempenho do PT no estado do Paraná, Zeca Dirceu fez questão de reforçar o compromisso com a unidade interna. Para ele, as eleições do partido, que se encerram em 6 de julho, não podem ser um fator de divisão. “De hoje até o dia 6 de julho vai ter muito empenho e muita dedicação, mas a disputa acaba no dia 6. Depois, a unidade tem que prevalecer”, afirmou.
PT de São José dos Pinhais tem duas candidatas: Simone Barbosa e Márcia Grochoska
![]() |
| PT de São José dos Pinhais organizou debate entre as duas candidatas a presidência municipal do partido Foto: Felipe Corrêa |
Simone Barbosa (esq.) é professora da rede estadual de educação pública e atual presidente da APP Sindicato.
Marcia Grochoska (dir.) é professora, com Pós doutorado em educação pela UFPR e ex-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de São José dos Pinhais-PR.
Simone tem apoio da atual presidente do PT de SJP e Marcia trabalha para buscar a renovação no comando da sigla. Para isso, está organizando um trabalho de base, com diálogo e propostas que visam contribuir com o fortalecimento do partido no município.
Segundo a TESE da chapa de Márcia, "O Partido dos Trabalhadores com seus 45 anos, nos dá muitos motivos a comemorar, seja por mobilizar e organizar diversos setores da sociedade, fomentando o debate de temas fundamentais para as cidades, Estado e a União, seja pelos seus governos nos quais promoveu o progresso, desenvolvimento social e econômico para toda a população. Houve muitas melhorias e transformações estruturais nas condições de vida no país. Contudo, a realidade brasileira de hoje, já não é mais a mesma de 2003, quando do primeiro governo Lula, o que somada a instabilidade do comercio internacional promovidas por Trump, nos desafia a debater e encaminhar proposições que melhor se adequem à complexidade brasileira."
![]() |
| São José dos Pinhais é atualmente a terceira maior cidade em arrecadação do Paraná e está entre os 50 maiores PIB do Brasil |
Ambas as chapas locais concordam que em São José dos Pinhais o cenário ainda é agravado não só por ser governado, há quase 20 anos, pelo mesmo grupo político — majoritariamente de centro-direita a extremistas de direita mas também pelo fato que a cidade teve um grande desenvolvimento econômico que refletiu no aumento da arrecadação do município sem que tenham sido promovidas melhorias profundas para a cidade e da crescente população que sofre com falta de vagas em escolas, falta de medicamentos na unidades de saúde e ruas abandonadas.
Recursos que o governo federal libera para serem entregues a população muitas vezes não chegam na base pelo excesso de burocracia da prefeitura e por desalinhamento com o governo Lula.
Neste sentido, SJP arrecada muito de empresas e trabalhadores, porém, a prefeitura perde recursos por falta de apoio a projetos locais e devido a sua desorganização interna e boicote ao governo federal.
É preciso destacar o período entre 2009 e 2012, em que a aliança estratégica do PT local com forças políticas de esquerda a centro trouxeram resultados progressistas para a cidade quando elegeu o prefeito Ivan Rodrigues nas eleições municipais de 2008.
Ivan realizou um governo que promoveu a reestruturação da cidade com obras marcantes para a população, como a municipalização do Hospital, a implementação de duas UPAS, onze CMEIS e o Parque São José. Além disso, reformulou o serviço público municipal melhorando a qualidade no atendimento as necessidades da sociedade.
De lá pra cá, o PT não participou mais do quadro da administração pública municipal e a partir da últimas experiências eleitorais nas eleições municipais, o partido se prepara para uma renovação na gestão do partido que atualmente não conta com vereadores no legislativo municipal.


POR:
Thalita Bassa






