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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 86% dos brasileiros convivem com algum tipo de transtorno mental, como ansiedade ou depressão
Saúde mental no ambiente de trabalho
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 86% dos brasileiros convivem com algum tipo de transtorno mental, como ansiedade ou depressão, que afeta diretamente o rendimento profissional. Uma pesquisa do Infojobs mostrou que 86% dos funcionários trocariam de emprego para preservar sua saúde mental, enquanto 61% relatam não se sentir satisfeitos no trabalho.
Ainda mais preocupante é o fato de que 76% dos entrevistados conhecem alguém que precisou se afastar do trabalho por questões psicológicas. Apesar dessa realidade, 86% dos participantes acreditam que as empresas ainda não estão preparadas para lidar adequadamente com o problema.
O aumento no número de afastamentos e a crescente conscientização sobre a saúde mental deixam claro que as empresas precisam tomar medidas mais eficazes para prevenir, identificar e tratar questões relacionadas ao bem-estar emocional dos seus colaboradores.
Como as empresas podem ajudar
De acordo com o médico, gestor em saúde, diretor da Oncare Saúde e presidente da ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho), Dr. Ricardo Pacheco, há algum tempo os distúrbios mentais estão muito presentes na vida corporativa e ainda há um estigma a ser superado.
“Demorou, mas uma Portaria do Ministério da Saúde atualizou a lista de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo o burnout, ansiedade e depressão. O trabalhador pode adquirir estabilidade de 12 meses no emprego, após a alta médica, se a causa da doença estiver relacionada ao trabalho. Mas o grande desafio permanece o mesmo: quebrar o paradigma de que saúde mental é algo superficial, ainda mais no ambiente de trabalho”.
Para o gestor, as empresas têm um papel de protagonismo com relação ao cenário psicossocial intramuros, mas é preciso entender que essa é uma nova realidade: “São nas organizações que os trabalhadores permanecem a maior parte de seu tempo, assim, é possível adotar ações planejadas para detectar, prevenir e acolher os trabalhadores em questões relacionadas à saúde mental e ao bem-estar no ambiente de trabalho. Contudo, só é possível chegar nessa fase de resolver, se a gestão entender que esse já é um problema organizacional”.
Para Cinthia Bueno Espadafora, Engenheira de Segurança do Trabalho e Diretora Técnica da Oncare Saúde, é possível aplicar pesquisas e avaliações regulares de clima para identificar problemas de estresse, sobrecarga ou insatisfação entre os trabalhadores. “Treinar líderes e equipes de recursos humanos para identificar sinais de esgotamento, queda na produtividade, faltas recorrentes ou comportamentos que indiquem desgaste emocional, também é uma estratégia eficiente; bem como disponibilizar ferramentas ou apps que ajudem os trabalhadores a monitorarem seu próprio bem-estar mental”.
Já Pacheco, destaca a importância de investir, sempre, na prevenção. “Implementar programas que incentivem a prática de atividades físicas, alimentação saudável e equilíbrio entre vida pessoal e profissional é uma forma eficiente de prevenir; bem como criar espaços de relaxamento e promover pausas regulares para reduzir o estresse”, diz ele.
Outra estratégia que dá resultados, segundo o médico, é oferecer treinamentos para gerenciar a ansiedade, melhorar a comunicação e desenvolver resiliência emocional, além de disponibilizar apoio psicológico e fomentar uma cultura organizacional onde todos se sintam à vontade para discutir suas dificuldades sem medo de estigmatização.
Artigo escrito por Ramon Santillana
Redator do Administradores.com, cobre as áreas de Liderança, Desenvolvimento de Carreira, Aprendizagem Corporativa e outros temas relacionados à Educação para Negócios.