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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Neurocientista confirma que gaslighting e "tortura psicológica" afetam a estrutura do cérebro humano causando danos físicos as pessoas



O gaslighting, frequentemente é visto como uma forma de tortura psicológica. O conceito foi agora reformulado por pesquisadores da Universidade McGill e da Universidade de Toronto.

Especialistas em psicologia, neurociência e trauma — especialmente os que estudam abuso emocional afirmam que o gaslighting pode afetar profundamente a estrutura, a função e a química do cérebro humano.

Ainda que a expressão "gaslighting" não seja um termo técnico aceito em todos os campos científicos, os efeitos do abuso psicológico crônico — a forma prática que se manifesta esse fenômeno — já foram amplamente documentados por diversos autores e pesquisadores da neurociência.

Áreas do cérebro afetadas por gaslighting e abuso psicológico

A maior parte das pesquisas não trata o gaslighting isoladamente, mas sim o impacto do trauma emocional prolongado. Esses estudos mostram que ele pode afetar:

  • A amígdala – ativa o sistema de alarme do cérebro. Com abusos constantes, se torna hiperativa, o que gera medo exagerado, hiper-vigilância e respostas emocionais intensas. 
  • O hipocampo – responsável pela memória e pelo filtro temporal das experiências. O abuso prolongado pode causar redução do volume hipocampal, afetando a memória e dando dificuldade em distinguir o passado do presente. 
  • O córtex pré-frontal – responsável pela regulação emocional, tomada de decisões e controle de comportamento. O estresse psicossocial prolongado pode reduzir sua atividade, dificultando o pensamento crítico e ampliando a autodesconfiança — exatamente o objetivo do gaslighting. 

Evidências científicas sobre o impacto do trauma

Estudos codirecionados por pesquisadores como Eamon McCrory mostram que o abuso verbal e emocional altera redes neurais associadas a ameaça e recompensa, condicionando a percepção do mundo como perigoso e prejudicando a formação de vínculos seguros. 

Pesquisas de Dana Foundation indicam que a exposição prolongada a situações abusivas pode alterar o volume cinzento do córtex auditivo e sistemas lingüísticos, inclusive daqueles processadores da linguagem — um processamento diretamente afetado em contextos de gaslighting. 

Artigos publicados no Neuroscience News e por equipes da McGill University reinterpretam o gaslighting como um processo de aprendizado e manipulação do sistema de previsão cerebral, explorando expectativas de confiança e realidade compartilhada, o que torna a mente especialmente vulnerável. 

Autores e pesquisas de referência

Richard J. Davidson e Seth D. Pollak – estudos sobre alterações na estrutura de matéria branca em pessoas expostas a traumas. 

Jennifer Fraser – em Gaslit Brain explora como a manipulação contínua altera a capacidade de raciocinar e fortalecer pensamentos próprios. 

Ella Henderson – teoriza que o gaslighting, na prática, condiciona o cérebro a dubitar de si mesmo e adotar a perspectiva do manipulador.

Resumo dos efeitos cerebrais observados

  • Alterações estruturais: redução de volume em regiões associadas à memória e à regulação emocional.
  • Alterações funcionais: hiperatividade amigdalar, hipoatividade pré-frontal, afetando autocontrole e pensamento crítico.
  • Desequilíbrios neuroquímicos: cortisol elevado, serotonina e dopamina reduzidos, interferindo na regulação emocional e na motivação.
  • Plasticidade adaptativa: o cérebro aprende que sua realidade pode ser distorcida, facilitando a continuidade do abuso.

A conclusão é que o gaslighting causa “lesão cerebral”, ou seja, a tortura psicológica provoca mudanças reais no cérebro, afetando memória, percepção, emoção e identidade. 

Esses efeitos são compatíveis com quadros associados a traumas crônicos, como Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e dissociação. Com psicoterapia, ambientes seguros e suporte contínuo, muitos desses impactos podem ser revertidos ao longo do tempo.

Fontes:

https://www.simonandschuster.com/books/Gaslit-Brain/Jennifer-Fraser/9781493090921

https://arxiv.org/abs/2304.05908?utm_source=

https://www.sciencedaily.com/releases/2025/10/251001092238.htm?utm_source=