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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Conhecimento especializado sobre Autismo em pessoas adultas com o neuropsicólogo Clécio Carlos Gomes



Para Clecio, "A forma como falamos sobre o autismo não é apenas importante – ela molda a forma como a sociedade vê e trata as pessoas autistas. Quando usamos termos capacitistas, como “doente” ou “sofrendo de autismo”, estamos reforçando estigmas e limitando a identidade dessas pessoas. Mas, ao adotar uma linguagem inclusiva, como "pessoa autista" ou "no espectro do autismo", podemos criar um ambiente mais respeitoso e acolhedor para todos."

O autismo (TEA – Transtorno do Espectro Autista) é uma condição do neurodesenvolvimento que acompanha a pessoa por toda a vida. Não é algo que “desaparece” na idade adulta, embora muitas pessoas só recebam o diagnóstico tardiamente, às vezes depois dos 30, 40 ou até 60 anos.



Aqui estão alguns pontos importantes:

  • O autismo não é uma doença, mas uma forma diferente de funcionamento neurológico.
  • Adultos autistas podem ter diferentes graus de suporte necessários — alguns vivem de forma independente, outros precisam de apoio constante.
  • Muitos adultos autistas foram diagnosticados tardiamente, porque décadas atrás o autismo era pouco compreendido e associado apenas a crianças (especialmente meninos).
  • Há também adultos que foram mascarando seus traços (camuflagem social), o que pode causar exaustão, ansiedade e burnout autista.
  • Hoje há uma crescente comunidade de autistas adultos que reivindica visibilidade, acessibilidade e políticas públicas inclusivas.

Características cognitivas e de processamento

  • Pensamento lógico e detalhista, muitas vezes com grande foco em temas de interesse.
  • Dificuldade em lidar com ambiguidades ou mudanças inesperadas.
  • Tendência a hiperfoco — podem passar horas mergulhados em um tema, projeto ou hobby.
  • Podem ter hipersensibilidade sensorial (a sons, luzes, texturas, cheiros) ou, ao contrário, pouca sensibilidade a certos estímulos.

Comunicação e interação social

  • Dificuldade em interpretar subentendidos, ironias e expressões faciais.
  • Preferência por comunicação direta e honesta.
  • Alguns sentem ansiedade social ou cansaço após interações prolongadas.
  • Podem ter dificuldade em fazer ou manter amizades, mas são extremamente leais e sinceros nas relações.

Rotina e previsibilidade

  • Gostam de rotinas claras, previsibilidade e controle sobre o ambiente.
  • Mudanças inesperadas podem gerar desorganização emocional ou crises.
  • Criam estruturas pessoais rígidas (horários, rituais, listas, sistemas) para manter estabilidade.

Trabalho e habilidades

  • Excelentes em áreas que exigem atenção a detalhes, análise, lógica, criatividade técnica ou memória.
  • Desafios podem incluir relações interpessoais no trabalho, interpretação de hierarquias ou autogestão emocional sob pressão.
  • Muitos autistas adultos encontram sucesso em tecnologia, artes, pesquisa, escrita, advocacia, jornalismo, e design.

Emoções e identidade

  • Sentem emoções intensamente, mas às vezes têm dificuldade em expressá-las da forma esperada socialmente.
  • Podem enfrentar burnout autista, resultado de anos de mascaramento social.
  • Muitos relatam alívio e autocompreensão profunda após o diagnóstico.
  • O autoconhecimento leva à autoaceitação e fortalecimento da identidade neurodivergente.

O autismo (TEA) muitas vezes vem acompanhado de comorbidades — ou seja, outras condições que podem coexistir e influenciar o bem-estar e o funcionamento da pessoa autista.

Abaixo está uma visão geral das principais comorbidades em adultos e crianças autistas, divididas por áreas:

Comorbidades neurológicas:

  • TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) → muito comum, afeta foco, impulsividade e regulação emocional.
  • Epilepsia → ocorre em cerca de 20 a 30% das pessoas autistas, especialmente nos casos com maior suporte necessário.
  • Distúrbios do sono → insônia, sono leve ou dificuldade para dormir/despertar.
  • Disfunções sensoriais → hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos (sons, luzes, toques etc.).
  • Comorbidades psiquiátricas e emocionais
  • Ansiedade generalizada e social → uma das mais frequentes; pode ser agravada por ambientes não adaptados.
  • Depressão → pode surgir de exclusão, sobrecarga ou falta de compreensão social.
  • Transtorno bipolar ou de regulação emocional → menos frequentes, mas possíveis.
  • Burnout autista → esgotamento mental e físico causado por anos de esforço para mascarar e se adaptar.

Comorbidades médicas e metabólicas

  • Distúrbios gastrointestinais (intestino irritável, constipação, refluxo) → muito relatados por autistas.
  • Alergias alimentares ou sensibilidade alimentar.
  • Alterações imunológicas e problemas hormonais (como disfunção da tireoide) podem aparecer em menor escala.
  • Comorbidades cognitivas e de aprendizagem
  • Dislexia, disgrafia ou discalculia → dificuldades específicas de aprendizagem.
  • Apraxia da fala (em autistas não verbais ou com fala tardia).
  • Déficit intelectual associado → em alguns casos do espectro (mas não em todos).

O Blog do Bassa indica o neuropsicólogo Clécio Carlos Gomes - Especialista em TEA, TDAH, AH/SD em adultos e professor de Pós-Graduação do Instituto Albert Einstein.

Atualmente no Brasil, é um dos melhores conhecedores sobre a questão Autista em pessoas Adultas.